VIVAMOS ESTE COMBATE ESPIRITUAL - AMIGOS DE SÃO MIGUEL UNIDOS EM MAIS UMA QUARESMA


Oração para o Ano Sacerdotal



Senhor Jesus,
Vós quisestes dar a Igreja, em São João Maria Vianney, uma imagem vivente e uma personificação da caridade pastoral.
Ajudai-nos a viver bem este Ano Sacerdotal, em sua companhia e com o seu exemplo.
Fazei que, a exemplo do Santo Cura D’Ars, possamos aprender como estar felizes e com dignidade diante do Santíssimo Sacramento, como seja simples e quotidiana a vossa Palavra que nos ensina, como seja terno o amor com o qual acolheu os pecadores arrependidos, como seja consolador o abandono confiante à vossa Santíssima Mãe Imaculada e como seja necessária a luta vigilante e fiel contra o Maligno.
Fazei, ó Senhor Jesus que, com o exemplo do Cura D’Ars, os nossos jovens possam sempre mais aprender o quanto seja necessário, humilde e glorioso, o ministério sacerdotal que quereis confiar àqueles que se abrem ao vosso chamado.
Fazei que também em nossas comunidades, tal como aconteceu em Ars, se realizem as mesmas maravilhas de graça que fazeis acontecer quando um sacerdote sabe “colocar amor na sua paróquia”.
Fazei que as nossas famílias cristãs saibam descobrir na Igreja a própria casa, na qual os vossos ministros possam ser sempre encontrados, e saibam fazê-la bela como uma igreja.
Fazei que a caridade dos nossos pastores anime e acenda a caridade de todos os fiéis, de tal modo que todos os carismas, doados pelo Espírito Santo, possam ser acolhidos e valorizados.
Mas, sobretudo, ó Senhor Jesus, concedei-nos o ardor e a verdade do coração, para que possamos dirigir-nos ao vosso Pai Celeste, fazendo nossas as mesmas palavras de São João Maria Vianney:
Eu Vos amo, meu Deus, e o meu único desejo é amar-Vos até o último suspiro da minha vida.
Eu Vos amo, Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Vos a viver um só instante sem Vos amar.
Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de amar-Vos eternamente.
Eu Vos amo, meu Deus, e desejo o céu para ter a felicidade de Vos amar perfeitamente.
Eu Vos amo, meu Deus infinitamente bom, e temo o inferno porque lá não haverá nunca a consolação de Vos amar.
Meu Deus, se a minha língua não Vos pode dizer a todo o momento que Vos amo, quero que o meu coração Vo-lo repita cada vez que respiro.
Meu Deus, concedei-me a graça de sofrer amando-Vos e de Vos amar sofrendo.
Eu Vos amo, meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim e porque me tendes aqui em baixo crucificado por Vós.
Meu Deus, concedei-me a graça de morrer amando-Vos e de saber que Vos amo.
Meu Deus, à medida que me aproximo do meu fim, concedei-me a graça de aumentar e aperfeiçoar o meu amor.
Amém.
S. João Maria Vianney

A grandeza do sacerdócio

Os padres são sacerdotes como e com todos os fiéis; antes e mais que serem sacerdotes pelo sacramento da ordem, eles são sacerdotes pelo sacramento do batismo. Lembramos Santo Agostinho, citado na Lumen Gentium (n. 32), ao falar da dignidade dos leigos: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto é uma graça. O primeiro é um perigo; o segundo, salvação”. Ser padre sem o povo ou acima do povo é um perigo e risco de condenação! Ser padre com o povo e a serviço do povo, no seguimento de Cristo e a exemplo de Cristo, é salvação: uma graça inefável!

O sacerdócio dos fiéis


Primeiro, não só os padres são sacerdotes; pois todos os batizados também o são, ainda que de outra forma. Todos os batizados, por participarem do único sacerdócio de Cristo, constituem o povo sacerdotal. Os batizados são sacerdotes no seu ser, enquanto são configurados a Cristo, uma vez que são enxertados em seu Corpo, a Igreja, como membros vivos de Cristo. Os batizados são sacerdotes em seu agir, porque no exercício dos três múnus agem em nome de Cristo, quando santificam suas vidas e o mundo com os sacramentos da Vida; quando ensinam e praticam a Palavra da verdade; quando guiam e animam a comunidade no Caminho da caridade. Por isso, quando chamamos os padres de sacerdotes, não podemos esquecer que o seu sacerdócio é um serviço ao sacerdócio comum dos fiéis. Sobre a relação entre o sacerdócio comum dos batizados e o sacerdócio ministerial dos padres, diz a Lumen Gentium: “O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico ordenam-se um ao outro, embora se diferenciem na essência e não apenas em grau. Pois ambos participam, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que goza, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo e o oferece a Deus em nome de todo o povo. Os fiéis, no entanto, em virtude de seu sacerdócio régio, concorrem na oblação da Eucaristia e o exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, pelo testemunho de uma vida santa, pela abnegação e pela caridade ativa” (LG 10). Os padres, portanto, são sacerdotes, enquanto servidores do sacerdócio dos fiéis.

A Amizade entre Jesus e o Presbítero

No sacramento da Ordem, estabelece-se um vínculo de intimidade entre Jesus Cristo e cada um dos presbíteros. Esse vínculo de amizade, respeitoso dos caracteres pessoais de cada presbítero, vai se desenvolvendo e fortalecendo progressivamente pela vida de oração e pela celebração dos sacramentos. O único e eterno Sacerdote é o ser humano por excelência. O evangelista João pôs na boca de Pilatos esta revelação: “Eis o homem” (Jo 19,5). Em Cristo todos podem se espelhar, para encontrarem sua verdadeira identidade. O Concílio Vaticano II diz na constituição pastoral Gaudium et Spes: “Só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente o mistério do homem” (GS 22). Também se poderia dizer: só no mistério de Cristo Sacerdote se esclarece o mistério de todo presbítero.
Em Cristo todos os presbíteros podem se encontrar a si mesmos e uns aos outros, num relacionamento de amizade e colegialidade। A amizade pelo Mestre fará com que cada presbítero se sinta amigo de todos os presbíteros. No decreto Presbyterorum Ordinis sobre a vida e a missão dos presbíteros, o Vaticano II diz: “Os presbíteros, elevados ao presbiterato pela ordenação, estão unidos entre si numa íntima fraternidade sacramental. Especialmente na diocese (...), formam um só presbitério. Embora ocupados em diferentes obras, exercem o mesmo ministério sacerdotal a favor dos homens. Todos são enviados para cooperarem na obra comum, quer exerçam o ministério paroquial ou supraparoquial, quer se dediquem à investigação científica ou ao ensino, quer se ocupem de trabalhos manuais compartilhando a sorte dos operários, onde isso pareça conveniente e a competente autoridade o aprove, quer realizem qualquer outra obra apostólica ou orientada ao apostolado. Todos têm uma só finalidade, isto é, a edificação do Corpo de Cristo que especialmente em nossos dias, requer múltiplas atividades e novas adaptações” (PO 8).
Para além do pecado
A amizade que existe entre Cristo e cada presbítero e entre os presbíteros independe da santidade humana. A graça se realiza pelo sacramento administrado. É pelo sacramento da Ordem, que em verdade é um dom de Deus para a Igreja através da escolha e ordenação de um servidor, que se realiza a graça. A teologia tradicional sobre os sacramentos diz que a graça se realiza ex opere operato. Quer dizer: quando são dados todos os elementos sacramentais – as palavras e os gestos, segundo a intenção da Igreja – acontece a graça. Ela não depende da santidade humana, mas da pura vontade de Deus. É fruto da gratuidade divina, que quer salvar os seres humanos pela intermediação de outros.
O Mediador é um só: Jesus Cristo. Mas a mediação do único e sumo e eterno Sacerdote realiza-se pela intermediação de inúmeros agentes. Entre estes estão os presbíteros. Homens marcados pelos limites próprios da natureza humana e também pelo pecado. Mesmo assim – e aqui está a bondade escandalosa de Deus – neles e através deles a graça da salvação se realiza em favor dos irmãos. Não interessa se a placa de sinalização está colocada sobre um pau podre ou um poste enferrujado. O que interessa é o sinal. Assim, cada presbítero, independentemente de sua santidade ou de seu pecado, foi escolhido para ser amigo de Cristo e agente de sua salvação.
Uma estrutura de graça
É óbvio que isso não justifica o pecado humano. Tanto mais quando se trata de alguém que foi chamado a uma especial relação de amizade com o Senhor. Seu pecado é tanto mais escandaloso, quanto mais deveria pôr-se à frente dos fieis como sinal de salvação. Vale aqui o que disse Jesus daqueles que provocam escândalos, que levam os outros a pecar: “Melhor seria se lhe amarrassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem no fundo do mar” (Mt 18,6).
Estamos diante do mistério da iniquidade e do mistério da graça. Se grande é a capacidade humana para o pecado, para a divisão e o escândalo, bem maior é a graça de Deus. “Onde se multiplicou o pecado, a graça transbordou” (Rm 5,20). No que depende de Deus, antes e mais que sermos pecadores, somos criados no seu amor. Mais profundamente que o pecado original, habita em nós a graça original, a bondade radical. Vivemos numa estrutura de graça que costura todas as relações humanas. Uma estrutura de graça que se faz ainda mais densa e intensa no Corpo de Cristo que é a Igreja. Uma estrutura de graça que – poderíamos afirmar – se faz ainda mais firme e segura na união de amizade entre Cristo e os presbíteros, que, no Corpo de Cristo, fazem as vezes de Cristo-Cabeça.
A graça supõe e aperfeiçoa a natureza
Os presbíteros, portanto, por uma graça especial, vivem unidos a Cristo, Cabeça da Igreja. E, por meio dele, vivem unidos entre si. Numa união de amizade e solidariedade que vai além dos laços visíveis das relações humanas. Que supera, até, a mesquinhez do egoísmo e do orgulho humano. Trata-se de graça, gratuidade. Nesse sentido, é dom imerecido. Por isso mesmo, um dom que precisa ser acolhido com gratidão e abertura de coração. A graça supõe e aperfeiçoa a natureza. É preciso, pois, que a natureza humana seja trabalhada pela oração e o estudo, pela ascese e o zelo apostólico. A fim de que, na relação misteriosa entre Cristo e os presbíteros, vá crescendo a santidade desses homens chamados a tão grande ministério.
Sugiro aos leitores que neste mês orem para que os presbíteros de seu mundo de relacionamentos sejam homens de oração, amigos de Jesus, verdadeiramente apaixonados por seu Mestre e Senhor.
*Pe. Vitor Galdino -Diretor e professor de teologia no ITESC - Instituto Teológico de Santa Catarina।


"Se não tivéssemos o sacramento da Ordem, não teríamos Nosso Senhor.
Quem o colocou no tabernáculo? O padre.
Quem foi que recebeu nossa alma à entrada da vida? O padre.
Quem a alimenta para lhe dar força de fazer sua peregrinação? O padre.
Quem a preparará para comparecer perante Deus,
lavando a alma pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O padre, sempre o padre.
E se alma vier a morrer, quem a ressuscitará, quem lhe dará a calma e a paz?
Ainda o padre."
"Depois de Deus o Padre é tudo."
(São João Batista Maria Vianney )